sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

As vezes, somente.



Provavelmente, eu não sei tanto sobre você.
Não me aflige não saber.
Não saber, na verdade, me salva.
Não saber, de uma forma bem sarcástica, é minha garantia.
Não saber, só me faz tomar ciência de que sou o tipo de mulher
Que se deixa decifrar facilmente
E não acredito que somos todos tão misteriosos assim.
Mas permitir é uma escolha
Assim como conviver, ser amigo, amar.
Se permito tão fácil e tão simples,
É também pela qualidade do tempo.
Do amor
Que me sopra que ninguém aproveitou tanto do agrado
Das luzes
Da gentileza
E das sopas de letrinhas da forma como você se lançou.
Tempo do amor, eu dizia.
Ou vaidade deslavada.
E você, homem lindo, já compreendeu
Percebeu
Retribuiu
E se esquiva ou se esconde
Ou talvez não tenha confiança ou carinho ou amizade suficiente por mim
A ponto de se deixar penetrar.
Do equilíbrio entre o sim e o não
É que talvez se explique o fato de que nós dois juntos
Consigamos nos preservar sem tantos espinhos.
Daquelas equações improváveis
Daqueles nós insolúveis
Daqueles casos descartados
Que se alimentam da improbabilidade
De perceber a beleza que sempre existiu
Mas nunca foi provocada.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

fim da vida, melhor.. ano

O fim do ano está chegando. Na minha terra, cheiro de chuva, café, Alanis, babados e motivos pra estar junto de quem gosto. Nostalgia. Cheiro de livro novo e borracha. As vezes, de livro novo molhado. De gripe. De momentos felizes que em cada ano, vai se transformando em pretérito muito mais que perfeito. Felicidade e falta de responsabilidade. De choro. De alegria.De planos de tirar o primeiro lugar da sala. E esse primeiro lugar nunca foi tirado. De sentar na mesa da padaria e passar hooras conversando sobre coisas que hoje perderam o sentido. De passar madrugadas fazendo planos futuros, planos estes, jamais cumpridos. De férias. Viagens. Falta de compromissos. De beijo na boca de desconhecidos. De shows. De pizza fria. De ansiedade. De prometer estudar bem muito. E prometer não cometer os mesmos erros. Cheiro também de vinho e fumaça de cigarro. De chocolate e sorvete. De não se preocupar se estou gorda ou não. De não se preocupar com o que os outros vão pensar. De tentar mudar o mundo e formar uma banda. De discutir sobre os mesmos problemas do nosso país. Problemas que até hoje não foram resolvidos. Eu costumo fazer uma lista de coisas que eu pretendo fazer. Ano passado fiz uma que não consegui cumprir totalmente. Na verdade.. Nem a metade. Esse ano.. será diferente.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Nostalgia

Acordei em busca de um passado que ainda não sei se encontrei. Na bagunça do meu coração, encontrei fotos antigas e cada uma, em especial, me trazia momentos, sons, sensações de um dia lá atrás, de gente tão enorme que já foi embora ou se perdeu de mim na correria do mundo. De pessoas que eu conheço a vida toda e o tempo nos transforma tanto que vez ou outra, faz bem um resgate às origens, ao início do início. Fotografias são mecanismos fantásticos de acionar o que passou. Porque é um objeto, um pedaço de história ao teu alcance, a tua vida ali, ao toque das mãos, te dizendo que naquele dia você viveu aquele momento com aquelas pessoas com aquela paisagem. Elas comprovam a tua existência de maneira irreversível. O dia começando, eu abri a porta do armário e me encontrei plural em álbuns de fotografias, em fragmentos de uma história que é só minha e de quem participa. Um zoom de baixo para cima, uma trilha instrumental e seria eu, um pedaço de vida no canto do apartamento em busca de uma história, matando as saudades sem saber que algumas delas sequer existiam. Perdi a hora para o trabalho, coloquei duas peças de meias diferentes, mal amarrei os cadarços, prendi o cabelo de qualquer maneira e saí pela cidade, no compasso dos compromissos, a história aos pedaços, relâmpagos de lembranças minhas, íntimas porque viver é tecer intimidade o tempo todo, eu gosto assim. Funciona com sentido dessa maneira.