terça-feira, 20 de novembro de 2007

qual o problema?

Não tô falando de solidão não. Ou de amor. Eu tô falando de desencaixe, de me sentir descolada, desgarrada do todo, fora da página. Sinalizando, etiquetando em negrito para ser ouvida, para que as pessoas percebam que eu tô aqui, que eu quero ser mais feliz, mais completa. Menos desordenada. Não sei se é natural se sentir dessa forma: sem forma. Eu também não sei se é reflexo da modernidade, que se foda. Que futuro é esse sem compreensão? Que tempos modernos são esses onde as pessoas não se relacionam, não se percebem, não fazem contato umas com as outras? Eu sei que não adianta reclamar. Não adianta perceber tudo isso, sair daqui e voltar ao meu universo virtual. Porque isso é compactuar com a inércia, o senhor entende, não entende?

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Eu digo à você.

Eu te dizia da sensação sem nome que me assalta a razão. Da necessidade de fazer acontecer. Do não desperdício. Do brinde e do grito. Do silêncio aflito e da terra molhada. Te dizia que existe tanto entre nós que me ata, que me faz caminhar em círculos. Das rosas e dos tons. Do início, do meio, do fim e de todo recomeço que a gente nasceu sem o mapa. Da esquerda, da direita e das outras opções. Do banho de chuva. Do toque e do arrepio, dos olhos e dos navios e da aquarela, eu desenho um sol amarelo, que descolorirá para que se cumpram os destinos. Eu quero parar a cidade e declamar os melhores poetas sem parecer inteligente ou atrevida. Poesia na medida do possível ou um vinho para esquentar e balançar o chão, música para te dançar, canções para te afirmar a juventude e as pistas, o suor, aquela euforia que é contagiante e efêmera. A intimidade das pernas, a coreografia dos corpos, o arrebatador instigar, de toques e reações, consentir, permitir, a troca de vida, não peça permissão para entrar ou sair de mim. A propriedade conquistada. De toda a nossa coleção de momentos, hoje eu quero te dizer que tudo é possível. Dentro ou fora de uma lógica, in or out, dear. Quer ser meu companheiro de viagem? Diga sim, precisamos de pouco. Basicamente eu e você. Os detalhes a gente vai tecendo, as dificuldades a gente vai sorrindo, as delicadezas a gente vai se apropriando, o amor a gente vai cuidando. Como ontem, como hoje. Como agora. Te dizia do que não existe entre nós. Do que é palavra, mas não se basta como verbo, substantivo, gramática. É íntimo. Sensações. Sentimentos. Do que nos faz sorrir, do que nos tomba lágrimas, do que nos faz dançar e nos move. De dentro para fora. Mexe com o humor, o apetite, os desejos. Mexe com a saúde, a saudade, o que é simples. Algo entre um lago em dia de verão e a escala Richter em último nível. Do desejo de correr, gritar e voar. Dos efeitos mais comuns de sentir raiva, bater o telefone, xingar. Um ato sexual não coreografado. A mesa pronta para o jantar com todos os elementos românticos em ordem, você leu em algum lugar. Do embolar e do encaixar. Dos raios e das tormentas. Do agora e do instante. Essas palavras. Esse ponto final que encerra o texto. E nos leva adiante.

Eu te dizia tudo isso sem dizer.
E você não me disse que.
E eu te disse.
E você não me.
Mas eu.
E você.

Chega desse xarope amargo.